O sentido da vida
O lema do Doutor José Coelho, aequo animo (com serenidade), espelha de uma forma clara a sua personalidade. Caracterizada pela inteligência, curiosidade, honestidade e paixão, a sua vida pautou-se por uma intensa actividade profissional e social. Nascido a 5 de Maio de 1887, em Travassós de Cima, filho de António Coelho e de Esperança Jesus, foi batizado na Sé de Viseu. Após terminar os seus estudos no Liceu de Viseu (era onde é hoje o Museu Grão Vasco), casa aos 22 anos, com Maria Angelina da Conceição, resultando desta união três filhos. Ingressou na Universidade de Lisboa, onde concluiu, em 1912, o Curso de Ciências Históricas e Geográficas, regressando a Viseu onde foi nomeado professor. Como cidadão, atento às questões da vida quotidiana de Viseu, nunca se coibiu de ter uma intervenção pública, assumindo funções como vereador em 1914, tendo sido designado para a comissão responsável pela instalação do Museu Regional, projecto que defendia desde 1912. Adepto de uma pedagogia activa, promoveu sistematicamente visitas de estudo com os seus alunos, tendo sido nomeado Reitor do Liceu de Viseu em 1919.
Em 1937, por questões políticas (não assinou carta de apoio ao Doutor António de Oliveira Salazar aquando de um atentado à bomba numa deslocação de comboio até Santa Comba Dão), foi compulsivamente afastado da docência, tendo sido reintegrado no ensino apenas em 1951. No entanto, a sua verdadeira paixão era ser arqueólogo. Embora ficasse fascinado sempre que se deparava com um achado arqueológico, o seu verdadeiro desafio era perceber o porquê desses vestígios. Era extremamente meticuloso nos registos que fazia e perspicaz na interpretação dos dados. Deste modo, granjeou o reconhecimento nacional e internacional, relacionando-se com alguns dos melhores arqueólogos da época.